Nova York, Te amo
Posted: sábado, 7 de novembro de 2009 by Marcelo Augusto in Marcadores: Crítica, Festival, Melhores Filmes, ResenhaLeia Mais
Sendo o mais direto possível, decreto: Nova York, Te amo, filme rodado no Festival Internacional de Brasília, é um dos melhores filmes deste ano. A síntese urbana é representada fluentemente, de forma charmosa, sensível e elegante. O filme é um retrato da arte cinematográfica e reune tudo que há de melhor em se fazer cinema.
Nova York, Te amo é uma obra semelhante á Paris, Te amo. O filme também contém vários diretores, que ao total são 12, produzindo vários curtas dentro do filme, retratando as diversas facetas de alguma cidade exponencial. O filme, no entanto, apresenta uma característica marcante que o difere de Paris, Te amo: os doze curtas do filme são interligados não somente pela cidade, mas apresentam um contexto igual, inclusive os personagens colidem com os personagens dos outros diretores, o que torna o filme contínuo e extremamente elegante.
Com o lema do filme, 'Toda as cidades tem suas diversas formas de amor', acompanhamos doze pequenos curtas retratando a diversidade amorosa, cultural e comportamental de Nova York. O fator diferencial do filme é a sua atmosfera perfeita, uma atmosfera repleta de pessoalidades, que representa todas as aspirações e ilusões de Nova York.
Os doze diretores produziram um roteiro delicioso, intimista, acolhedor e consegue, definitivamente, te teletransportar até Nova York e te fazer sentir parte dela. É incrível como diferentes métodos de filmagem unidos conseguem criar uma ópera tão uniforme e coesa, como Nova York, Te amo é.
O filme é uma amostra de criatividade, de humor, de charme e possui um clima rasteiro, de anonimato, criando uma Nova York inatingível e ao mesmo tempo íntima. As histórias dos curtas representam dilemas vividos pelo homem e os mistura ao tempero nova iorquino de viver. O filme emociona, nos faz refletir, nos faz rir e se apaixonar. Nova York, Te amo é uma obra trancendente, provocando diversas emoções ao telespectador durante os 110 minutos de filme.
O elenco é genial. As interpretações criam um filme maduro e real, sensível. Kevin Bacon, Justin Bartha, Natalie Portman, Orlando Bloom, Shia LaBeoulf, Andy Garcia e todos os demais atores do filme realmente fazem um grandioso trabalho. Nova York é representada por diversos tipos de amores, o que torna a obra em um romance urbano misturado a comédia e humor.
Os diretores - Fatih Akin, Yvan Attal, Allen Hughes, Shunji Iwai, Wen Jiang, Scarlett Johansson, Shekhar Kapur, Joshua Marston, Mira Nair, Natalie Portman, Brett Ratner, Andrei Zvyagintsev, Randall Balsmeyer - conseguiram, delicadamente, criar uma obra linda, agradável e ritmica. Todos os curtas provocam, no pequeno tempo de duração, a sensação certa, transmitem a mensagem certa.
Os melhores curtas, pessoalmente falando, são: o curta que relata dois adultos mergulhados em seus pensamentos falando dos seus amores errôneos e o quanto esses amores errôneos são descartáveis. O curta termina de uma forma humorística e sensacionalmente bem elaborada. Outro curta muito bom é aquele onde duas pessoas fumando começam a conversar numa das esquinas de Nova York. Nesse momento, sentimos Nova York fluir e vemos um diálogo apimentado e simplesmente genial. No entanto, o melhor curta é o último, onde vemos um casal de velhos discutindo enquanto caminham nas avenidas de Nova York.
Todos os curtas são interligados por uma personagem e descobrimos isso no final, apesar de criarmos já suspeita durante o filme. Todas as cenas são sensíveis, inteligentes e encantadoras. Vemos uma Nova York dos desiludidos, dos apaixonados, dos frustados, dos experientes, dos iniciantes, dos imigrantes, dos introspectivos. Nova York adquire diversos rostos durante a obra, o que a torna fluente e nada, nada mesmo, cansativa.
A trilha sonora é moderna, remete a New York e pontua muito bem cada curta. A fotografia também é moderna e o cenário é a dinâmica cidade dos sonhos. As falas são metafóricas e criam uma linha de raciocínio sagaz, romântica e inclusive, sensual. O fluxo de pessoas vivendo em NY é retratado também, tornando a cidade em uma cidade enorme, cheia de possibilidades.
Aliado a todos esses curtas, vemos uma crítica singela de como Nova York é uma cidade de multinacionalidades. Pequenos momentos mostram isso: os chineses, coreanos, latinos, franceses participam de suas próprias tramas. O combate ao preconceito também é mostrado, de forma delicada e bem elaborada. Em resumo, o filme sintetiza todas os dramas de NY e os mistura em um balanço só, coeso e incrível.
O filme tem o seu foco - o amor - e o adapta as ruas de Nova York, seja como um amor momentâneo, um amor radical, um amor infantil, um amor de séculos e o resto mais. O filme encanta de uma forma linda, tocante e criativa. Vemos o choque entre religiões, o choque de culturas e compartilhamos cada pequena emoção do filme.
Shia representou seu papel de forma elegante, assim como Portman. Os olhares entrecortados de cada um dos personagens funcionam como artificios importantes para a trama. Um preciosa obra, é isso que Nova York, Te amo é.
Resumidamente falando, o filme é inovador, transpira romantismo, inspira paixões, fortalece laços e tem o seu brilho interno. Nova York está em todos os lugares, e o amor também está. A cidade das possibilidades está aberta para você, é esse o recado que o filme te dá ao fim. Nova York, Te amo é, sem dúvidas nenhuma, um filme inesquecível, onde não conseguimos não se envolver com tamanha obra delicada e deliciosa.
Abraços.
Adorei a trama do filme!
Aliás adorei tudo que vi nesse blog hoje, desde o template até os outros posts que eu estava batendo o olho.
Mas voltando ao filme, muito legal esse trabalho todo que fizeram com todos os curtas e a direção, música, fotografia. Parece realmente muito bom :D