Bagdad Cafe

Posted: sábado, 17 de outubro de 2009 by Marcelo Augusto in Marcadores: , , ,
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Bagdad Cafe é um filme pincelado por uma arte quase extinta nos dias de hoje. A arte minunciosa com que foi abordada, a destreza psicologica de suas reflexões e as impecáveis atuações de um dos melhores elencos estrangeiros da década de 80 tornam essa obra, em uma das obras mais belas e inesquecíveis na vida de um cinéfilo.

' O filme é um dos mais conhecidos cult movies da década de 80. Dirigido pelo cineasta alemão Percy Adlon, o filme trata da comovente história de uma turista alemã que, ao chegar numa hospedaria localizada num ponto isolado do deserto de Mojave, é mal recebida e até hostilizada pela proprietária do local, mas, com seu jeitinho tímido, vai aos poucos construindo uma relação de amizade pura com todos que moram e freqüentam o local. ' - Crítica





Primeiro, para se fazer Bagdad Cafe, era necessário escolher um lugar que decifrasse e expressasse a mensagem contida na obra. Um bar-hotel-posto, no meio de uma estrada desértica entre o Texas e a Disneylandia, no meio do deserto Mojave. Um cenário tão simples e alheio, que serviria de uma forma muito interessante para o desenrolar da trama.

Depois, Percy Adlon, diretor do filme, criou seus personagens. Os seus personagens se revelariam, mais a tarde, o epicêntro de sua narrativa. Deve-se frisar que Adlon ousou e não só criou personagens psicologicamente profundos, mas  os colidiu entre si, de uma forma avassaladora.Bagdad Café, nos brinda logo com duas personagens femininas e marcantes. Duas mulheres que ficarão em nossa memória emotiva: Jasmim e Brenda.





Uma alemã. Ríspida, educada. Uma alemã que tinha por volta de seus quarenta anos, representando todo o aparente conservadorismo ariano. Jasmin, interpretada pela incomparável Marianne Sagebretch, é a alemã abandonada pelo marido no meio dessa rodovia desértica, no meio da manhã.Vinda de longe, com uma mala cheia de segredos, cansada de sua vida ao lado do agressivo e bruto marido, Jasmin está preparada para se reecontrar.





Uma americana. Negra, extressada. Impulsiva.Uma americana que tinha por volta de seus quarenta anos, representando toda a raça negra desiludida de qualquer esperança na vida do ano de 1987. Brenda, estrelada pela sensacional CCH Pounder é a negra, abandonada pelo marido, dona de um decadente bar de meio de estrada do fim do mundo, com dois filhos e um neto para cuidar.

De uma forma sutilmente brilhante, Adlon colidiu essas duas realidades tão opostas. Jasmin, abandonada, se hospeda no hotel de Brenda. De imediato, vemos o choque das duas realidades. E para ser mais original, Brenda representa um preconceito muito maior que Jasmin, que jamais tinha visto um negro na vida. Aos poucos, vemos a convivência entre duas diferentes etnias: Jasmin se entrega por amor á todos ali, se revelando uma grande mãe, com desejo de ficar no local e Brenda se revela uma pessoa ríspida, arisca áquela intrusa alemã.

De uma forma progressiva, vemos interpretações lindas serem feitas. Brenda, apesar de ser rigorosa e impulsiva demais, começa a se entregar por aquela mãe que Jasmin representava. Uma verdadeira analise sociologica, onde cada um dos personagens, aceita Jasmin em suas vidas, progressivamente, e muito, astutamente.






O filme, por si só, é extremamente simples e parado. Para aqueles não interessados no estudo científico da obra, o filme se revela um verdadeiro filme de tédio. Por isso, Bagdad Cafe deve ser visto com olhos de reflexão e análise, porque está recheado de metáforas e expressões sutis, que devem ser minunciosamente debatidas e acompanhadas. Uma das cenas que mostra esse estudo, é a cena onde Jasmin joga o boomerangue. Metaforicamente falando, acredito que essa cena significa a construção de uma relação de duas vias: tudo que Jasmin fazia de bom para aquelas pessoas, voltava de bom para ela. Outra metáfora menos sutil foi a cena onde a tatuadora decide sair do hotel, pelo simples motivo de que o ambiente estava harmônico demais.







O cenário vai se alterando paralelamente ao decorrer da trama e de sua orientação seguida. Aos poucos, vemos duas realidades opostas se unindo, transformando o velho e abandonado bar-hotel-posto, em um lugar mágico, cheio de esperança, carinho, amor e felicidade. Somado a tantos fatores positivos, Bagdad Cafe é ainda co-estrelado por um elenco coadjuvante extremamente bom, contando principalmente com Jack Palance.

As transformações que Jasmin faz no bar são tão extremas que chega fazer com que a popularidade do bar, que antes era de uma caminhão por noite, se tornasse, de no mínimo trinta e sete caminhões no local. A produtividade do local aumenta de acordo com o estritamento amoroso entre todos ali, provocado pela gentileza e carinho de Jasmin.Tudo ganha mais vida, os personagens encontram a si mesmo, e muito mais.

É incrível ver como tudo que está no filme tem uma razão peculiar por de trás.O deserto representa o vazio da vida das duas moças, a mágica que é feita no bar representa a esperança e a alegria reconquistada, tudo ali tem um duplo sentido. É magnífico.Um filme extremamente oculto em metáforas que são deliciosas de ser descobertas. Uma obra prima, de fato.Além disso, o filme foi bastante premiado, e merecidamente, pela sua trilha sonora, com a música Calling You.






Bagdad Cafe é um filme rasteiro, com abordagem socio-psicologica profunda e bela.Os ápices do filme são as atuações formidáveis dos dois ícones do cinema, Marianne e CCH (que eu considero a estrela do filme, em questão de interpretação) O olhar cruzado, os gestos tímidos, os gritos, as lágrimas, os abraços. Todos os elementos do filme consagram a obra como uma das mais gloriosas obras do cinema. Quem ainda não viu Bagdad Cafe, faça o favor de alugá-lo o mais urgentemente possível, porque esta obra é indispensável para uma verdadeira lista de filmes de um cinéfilo.




PS: Aguardem o próximo Desafio!

10 comentários:

  1. Anônimo says:

    Adoro esse tipo de filme, vou procurar assistí-lo. Valeu!

  1. Lembro da musica tema deste filme.

    Tenho um CD.

    Fantástico colega. Não vi o filme mais ouvi a música diversar vezes.

    Abraços.

  1. Celo, ainda não vi o Badda Cafe, mas em breve posso comentar mais, aprofundado, contigo.

    Gostei da expressão e a forma como você contextualizou aqui o filme, parabéns!

    Ah, o 'leia mais' nem precisava, o seu texto flui todo, deveria tirar o 'leia mais' e deixar ele na íntegra...

    abraço

  1. Nunca vi esse filme, pelo que você falou, é melhor pela parte técnica do que pela história em si, mas eu até gosto de filme assim, paradão.
    Gostei da dica, vou ver se procuro!

  1. LuEs says:

    Há muito tenho querido assistir a esse filme. Pretendo realmente fazer isso antes do filme do ano, pois tenho lido boas resenhas sobre ele.

  1. Iza Perissê s2 says:

    Os filmes que são indicados aqui são sempre bons... dá sempre uma vontade de assistir. Mas eu juro que esse eu nunca vi, mas vou procurar também. Adoro esses com ares mais antigos e você sempre acerta no meu gosto. Você tem um bom gosto enorme, Celo! Parabéns pelo seu blog, está lindo!

  1. Wally says:

    Já tinha lido (muito bem) sobre este filme em outros espaços. Parece ser muito interessante.

  1. Mudou o layout rsrsrs ficou bem legal.

  1. Dewonny says:

    Bem interessante esse filme msm, mas já faz um tempão q assisti, pelas imagens deu pra lembrar de algumas cenas, a trilha sonora é outro fator positivo!
    Excelente sua análise!
    Abs! Diego!

  1. Kira says:

    Boa análise