O Milagre de Anne Sullivan
Posted: terça-feira, 20 de outubro de 2009 by Marcelo Augusto in Marcadores: Crítica, Patty Duke, Reflexões, ResenhaÉ imensurável dizer o quanto esse filme é belo, complexo e ao mesmo tempo verdadeiro, sendo, inclusive, cruel e doloroso.Uma obra simplesmente humana demais, mostrando como o ser humano não está seguro sobre as coisas que a vida pode aprontar.
O Milagre de Anne Sullivan é um retrato psicológico de como não sabemos lidar com realidade de um ser humano com limites físicos.O filme é tão agressivo em mostrar as dificuldades de se viver em um mundo escuro e silencioso, como o de Helen, que não há como não permanecer alheio a dor da garotinha.
A menina não sabe como é o mundo que a circundeia, mas sabe do que precisa para viver e acaba por se tornar uma tirana em sua casa, já que sua família se rende e dá todas as liberdades para uma inválida, como achavam que Helen era. A menina domina, então, todo o comportamento de seus familiares e não entende como é ser educada e muito menos como escutar um não.
O filme é preto em branco, o que torna a sua temática mais séria e mais sólida, deixando o cinéfilo capaz de compartilhar da profundidade dos problemas de Helen e é nesse momento, que entra em cena Anne Sullivan. Ela é uma mulher acostumada a conviver com cegas e cegos, mas ao esbarrar com Helen, percebe que ali reside o maior desafio da sua vida: explicar a menina como viver no mundo e como entende-lo.
Como explicar a uma menina que terra é a terra? Que fome é vontade de comer? Como mostrar a árvore para uma menina, que não consegue vê-la? Como ensinar a menina comer com garfos e facas, se a menina não sabe nem o que é educação? Como ensinar a menina o que é o amor? São essas as perguntas que Anne se faz durante o filme todo.
O filme, datado de 1963, apresenta uma das melhores atuações do milênio, principalmente com Patty Duke, que interpreta a jovem e cega Helen. É praticamente impossível definir como Patty traz Helen á vida. Ela não empresta somente seu corpo para o papel, mas empresta sua alma. O olhar parado, a perfeição dos defeitos intepretados, tudo tão verdadeiro, que simplesmente, acreditamos que HÁ mesmo uma menina cega,surda e muda atuando naquele filme.
Anne Bancroft interpreta Anne Sullivan, a ensinante. Sensacionalmente cheia de personalidade, Anne comprova todo seu talento nessa obra de Arthur Penn. Madura e profissional, Anne traduz tudo que Anne Sullivan representa na trama: o elo do mundo com a jovem garota.
A relação que as personagens travam entre si foge completamente da esperada por todos que assistem ao filme: ao contrário de amor e compreensão de imediato, Anne se torna uma megera na vida de Helen. Não pense que ambas estabelecem uma relação de vilania, pois o fato é: Anne demonstra que a única forma de ensinar Helen a ser gente, é a tirando de seu pedestal, a destronando de seu império, criado pela dó e pena que seus pais tinham, e mostrar o que é a realidade para a garotinha.
A realidade não é bonita. Comer no prato não é fácil, saber indicar as coisas e seus significados é quase impossível. Sinteticamente, Anne resolve criar um método de comunicação entre elas: o tato seria o alafabeto. O tato, serveria como o meio de comunicação, fazendo com que Anne e Helen desenvolvam uma sequencia de palavras associadas aos gestos das mãos.
Helen tem o temperamento forte e agressivo e Anne Sullivan prova ser a mulher que jamais desistiria na vida. Nesse contexto, se inicia uma relação extremamente forte e complexa, capaz de ser entendida apenas para quem vê o filme.
Com um final majestoso, a obra se configura como uma das belas obras que um cinéfilo pode ver em sua vida. O filme carrega uma mensagem de dor, conquista e apoio que poucos filmes apresentam ter.Uma bela arte como é, O Milagre de Anne Sullivan é uma das obras mais bem feitas que existe, e virar as costas para ela, é, no mínimo, ignorância imperdoável.
Abraços!
Foi descobrir mais sobre Helen Keller esses dias. O filme parece ser bem forte, emocionante e tals, mas é uma boa dica. Vou conferir!