Um ensaio sobre o Terror Moderno

Posted: segunda-feira, 5 de outubro de 2009 by Marcelo Augusto in
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Fazer filmes de terror sempre foi uma tarefa díficil. O terror é, talvez, o gênero mais perceptível ao ser humano, o que torna essa área do cinema, uma área muito interessante, e consequentemente, uma área muito perigosa.

Como se faz um filme de terror? - perguntam os diretores, amadores e cinéfilos. Alguns usam fórmulas do passado que fizeram sucesso e tentam reproduzir nos dias atuais. Outros, tentam ser criativos, mas apelam para a mesma técnica já usada no passado. A força dessas tentativas são tão fortes que já se pode dizer que a tendência do ínicio do milênio é a produção em massa de remakes, ou então, de pseudoremakes.

Terror é uma arte para poucos, isso é fato. Nesse post vou criar um raciocíonio lógico para analisar o desenvolvimento do terror nesse começo do século XXI e criticar certas tendências que estão levando o terror para o fundo do poço.

 Primeiramente, deve-se entender o que é a expressão terror moderno.O terror clássico foi o pioneiro de certos temas que até hoje assombram nossas mentes: alguns filmes seguiram o sobrenatural e criaram figuras clássicas como Jason, Freddy, Drácula, entre outros; outros prefeririam abordar o terror psicologico criando clássicos como Psicose, ou como A bruxa de Blair que foi lançado ainda no século passado; e outros focaram no terror policial como o assustador Silêncio dos Inocentes.

Após essa explosão de subgêneros do terror, ao entrarmos no século XXI, o terror sofreu a modernização necessária, já que o cinema começou a evoluir. O primeiro passo para essa modernização do terror foi a criação de mais subgêneros como: o terror game, o terror zumbitesco, o terror carnificina entre outros; e outra característica dessa modernização foi: a tendência a se regravar filmes do século passado, e a bestificação do terror. Além disso, o terror também sofreu, paradoxalmente,  um amadurecimento, mesmo que esse processo, possa ser conferido raramente.

O Terror Zumbitesco





O terror recheado de zumbis tem forte nuances nos games da ultima geração, mas foi o seu sucesso nas telonas que consagrou o subgênero.Ninguém consegue se esquecer do sucesso que foi o filme  Resident Evil. Resident Evil é um clássico jogo de games, mas a sua história ofereceu á franquia a oportunidade de se tornar um filme, e dito e feito: o filme, não chegando a ser pioneiro no tema [ não se pode esquecer do inesquecível A Noite dos Mortos Vivos ], renovou as pesperctivas do assunto e acolheu uma série de fãs loucos pela história de Umbrella, zumbis e tudo mais.

Depois disso, o subgenero caiu nas mãos dos oportunistas: chegou ás telonas o Madrugada dos Mortos. Um clássico da ridicularização do terror. Mas não é que funcionou? O filme não se trata de um verdadeiro filme de terror, mas as suas cenas assustadoras [ e hilárias ] consagraram o filme no gênero. Falando em filme de zumbis, não podemos deixar de citar o mestre: Romero. Além de literalmente estreiar o subgênero no passado, só encontrou nos dias atuais, a possibilidade de aperfeiçoar suas obras: Terra dos Mortos, Diário dos Mortos entre outros. Que venha Zumbieland!


O Terror Game



O gênero vem se aperfeiçoando com o tempo, mas já se pode dizer que os seus pais foram: Resident Evil e Silent Hill. O gênero realmente tornar o terror em um gênero mais assustador, mas também torna o gênero mais restrito, já que a maioria dos jogos de terror segue a mesma linha de raciocionio. Existem outros filmes como Stay Alive, Doom - A porta do inferno, e o recente Max Payne.

O Terror Carnificina




Alguns diretores, ao fazerem um filme de terror, devem simplesmente pensar que filme de terror é carne, sangue, carne, sangue, tripa, carne, sangue, tripa, tripa, carne, sangue, tripa. O gênero é realmente horrível de se ver e o subgênero mexe com nossos nervos. Alguns destes até apresentam uma história envolvente, mas seu enfoque é na pura carnificina da obra. É fácil de se encontrar esses filmes na locadora: Cadavéres, Autópsia, Dália Negra [ sem ser a versão policial ] entre outros.Se você tem estômago, boa sorte!

Remakes : Uma tendência do Século Novo.


Regravar filmes virou a marca do novo milênio. Alguns condenam a prática: acham que regravar um filme é além de imoral, uma prova definitiva da superprodução do terror, em outras palavras, do esgotamento criativo do gênero. Remakes vem para o bem e vem para o mal, isso é fato. Não se pode negar que certos filmes, regravados, ganharam mais brilhos e se tornaram filmes mais redondos. Porém, é impossivel também negar que certos remakes destruiram com o classicismo das obras regravadas.




Tomamos como exemplo Halloween - O ínicio. O filme é sem sombra de dúvidas, bem feito. Além disso, o filme não avacalha com a obra antiga. Mas mesmo assim, o filme simplesmente NÃO devia ter sido feito. Porque? - deve estar se perguntando. Simples: Certos mistérios não deveriam nunca serem esmiuçados ou revelados. A sagacidade da obra era o mistério acerca de Myers, desde sua infância, até seus momentos mais obscuros. Com o remake, somos introduzidos á um mundo oculto em nossos pensamento e por isso, a trama perde o brilho, ou no caso, a assombração.Ou vai dizer que o medo que tinhamos pela trama não era esse mistério sobre Michael Myers? Ora, o que Zombie fez foi justamente matar esse mistério dentro de nós. O filme, realmente, jamais deveria ter sido regravado.

 


Falemos então de O Massacre da Serra Elétrica, tanto o remake como o prequel. O filme tinha tudo para seguir a mesma falência que Halloween chegou, mas não foi o que aconteceu. O filme foi levado a sério também, mas existiram outros fatores que consagram este remake, como um dos melhores remakes já feito. O original tinha uma pitada extrema de carnificina e tinha uma pequena dose de terror psicologico. O remake inverteu a relação e conseguiu arredondar a trama.
Usando técnicas do terror moderno, como fades, zooms e jogo de câmaras, o filme se tornou mais denso, criando uma pespertiva menos avacalhada da trama. O filme mereceu seu sucesso e produziu o prequel, que significa, o ínicio de tudo. Criar o ínicio de um filme de terror é elucidar o cinéfilo dos mistérios que circundeiam a obra. Incrivelmente, a obra conseguiu contornar esse defeito, e criou uma sequência extremamente bem feita e conduziu a obra da melhor forma possível.
Como eu disse, certos remakes vem para o bem, como essas obras e entre outras, como Lolita de Adrian, Cabo do Medo, Quando um estranho chama e etc.





Também existe aqueles filmes remakes que não deveriam nem ser citados aqui, como Proom Night, Amytiville, O Dia em que a Terra parou, A Morte pede carona e etc. Estes filmes tentam reproduzir o que o passado uma vez reproduziu, mas apenas comprovam, que certos filmes são egoístas: o brilho dos originais não são e nunca serão reproduzidos.
 




Atualmente, vi o Sexta Feira 13, versão remake. O filme foi bem produzido, instalou bem os trejeitos do original, mas não sai disso. Valeria a pena reproduzir um filme que não excedesse as expectativas? Sexta Feira 13 é um filme clássico do passado e infelizmente, continuará sendo por causa do passado. O filme remake comprova que a arte de remakes não deve somente representar o que já foi representado, mas deve aperfeiçoar o que o passado não conseguiu fazer. Nessa mesma linha, vem aí A Hora do Pesadelo, versão também remake. Vi o teaser, e achei o filme bem construido, mas receio que ele ou cairá no mesmo caso que Sexta Feira, ou sofrerá o desencanto que Halloween sofreu.







É impossível falar de Remakes sem falar dos filmes japoneses que foram regravados. Talvez o primeiro que venham na sua cabeça seja O Chamado. O filme ganhou a sua versão americanizada e por consequencia, sofreu um sucesso americano. O filme realmente é muito bom, mas a propaganda feita em cima da obra coloca O Chamado numa situação desconfortavel, já que ele não é um filme típico americano. O terror japonês aliado ás tecnicas americanas tornaram essas obras em verdadeiros blockbusters.

Talvez essas regravações tenham vindo para o bem, já que somente assim tomamos conhecimento do bom terror japonês, mas daí, para avacalhar com a obra e criar inumeras sequencias lucrativas: isso é suícidio. Eu arriscaria dizer que para se ver um filme japonamericano é necessário diminuir um pouco a atenção para a técnica e valorizar a história. Os americanos tendem a meter seus dedos em obrar bem construidas como O Grito, Death Note entre outros. A dica é curtir o filme e tentar depois, ver a versão japonesa, que mesmo privada de técnicas ótimas, contém melhores explicações para suas tramas, ou ao menos, melhores informações.




Além disso, existem também os pseudo-remakes que utilizam as histórias já criadas para redirecionar a trama, e por vezes, criar histórias totalmente diferentes das obras 'plagiadas'. Exemplos dessa prática são: A Múmia, Vannila Sky, A Fantástica Fábrica de Chocolates [ que apesar de ter a mesma linha, muda totalmente os trejeitos da obra anterior. ], Casa da Colina [ que apesar da trama ter ganhado um up, perdeu ao querer modernizar o filme original ], A Vingança de Willard e etc.



A esperança é acreditar que alguma nova tendência irá ocupar a cabeça dos diretores e que eles entendam de uma vez que para se fazer um remake é necessário muito mais esforço do que se imagina. A Arte do Remake não é condenável, é apenas restrita. No entanto, o público aprova essa tendencia de regravações, porque a maioria não teve a oportunidade de ver os originais, e que por consequencia, valorizam a obra moderna. Está por vir Os Pássaros, Footloose, A Vida dos Outros e outra série de remakes nesses próximos anos.

Minha dica? Assita-os, e tentem lembrar que Hollywood está com inchaço de criação e que por causa da superprodução de filmes, poucos filmes são fadados a serem realmente bons. Resta-nos apenas torcer para que essa situação mude e esperarmos, ansiosamente, pelo fator surpresa.

Observação: Este post é dividido em duas partes, logo, no próximo post, irei falar de mais algumas tendencias do terror, de outros gêneros e de algumas provas do tímido amadurecimento do gênero terror.

Abraços! Sintonize no Desafio Cinemótica do último post!

13 comentários:

  1. Bruno says:

    Esse é um dos principais motivos que fazem com que eu não goste dos filmes de terror.

  1. O que incomoda é a falta de capacidade de fazer um bom filme, antes mesmo de se pensar em gênero.

    Sobre os sub-generos citados, faltou a questão do horror psicológico (talvez a que agrade mais aos que tem algum problema com o gênero).

    Quanto ao gore/slasher movies eu discordo quanto a questão de ser apenas sangue/corpos e afins.

    Os filmes ruins desse sub-gênero são assim, os bons sempre tem uma boa trama. Te aconselho a ver alguns filmes italianos de diretores como Argento, Bava, e Fulci.

    Abraços !

  1. LuEs says:

    Acredito que o cinema do horror se perdeu, de certa maneira.
    A indefinição com a qual as obras se apresentam é deveras irritante, pois temos a impressão de ser um filme sério, voltado para o terror psicológico e, de repente, mal ouvimos diálogos inteligentes, há sangue o tempo todo e situações que forçam a nossa mente.
    Acredito que eles pensem: "Não precisa ser criativo; precisa ter mortes".
    Sobre os filmes de terror baseado em games, os dois de que gosto são RE e Silent Hill, pois tem qualidade e não são caricatos. Zumbi não é meu subgênero preferido, mas gosto de alguns filmes, como Diário dos Mortos.
    Certas séries, como A Hora do pesadelo - que será nossa próxima resenha -, Sexta-Feira 13 e Halloween, são icônicas, embora tenha passado pela alienação dos anos 80 de produzir um filme atrás do outro, mesmo que nem a cronologia fosse respeitada.
    Eu não sou muito fã de remakes, porque eles normalmente mostram tudo aquilo que os originais não mostraram e isso acaba com o charme. Dentre as dezenas de remakes que já fizeram nesses últimos 15 anos, eu poderia enumerar usando uma única mão aqueles dos quais gostei.
    Hannibal "Cannibal" Lecter é muito bom e o terror psicológico é o melhor que há.
    Espero ansioso pela próxima parte do post.

    :)

  1. Dewonny says:

    Eu sou fã de filmes de terror, vejo de td um pouco, adoro os de zumbi, portanto, meu interesse por Zombieland é enorme!
    Abs! Diego!

  1. LuEs says:

    Relendo o meu comentário, percebo que eu exagero e acabo escrevendo demais!
    :O

  1. Wally says:

    Cara, adorei seu post! Muito, muito interessante.

  1. Adoro o terror fantástico e o verrossímel (como o Silencio dos Inocentes). Há ótimos subgêneros nestes dois gêneros principais.
    De fato o terror perdeu um pouco a magia em alguns casos.
    Da sua lista de remakes nenhum é bom (deve-se refazer os filmes ruins e não os bons), exemplo, odiei Sexta- Feira 13 do Marcus Nispel.

    Quero muito ver Zombieland...

    Abraço Colega.

  1. Dewonny says:

    Amigão, até o fim da tarde eu mando o email com algumas apostas da etapa 3, aguenta aí..
    Ahhhh, nesse link = http://asianspace.blogspot.com/2009/05/ichi-2008.html
    Vc acha pra baixar o filme ICHI, q postei lá no blog, além de outros filmes asiaticos, é daí, q eu baixo os filmes pra assistir..hehe..
    Abração! Diego!

  1. Alexandre Magno says:

    Parabéns cara, seu blog é maneiro. Bom texto e imagens bakanas.

    Sucesso ae

  1. Eu gosto de filmes de terror, principalmente se for remake!!!
    Mas alguns com cenas muito brutais, acabo deixando de gostar, tipo aquele filme O Nevoeiro detestei do começo ao fim!!!
    E Fim dos Tempos, também esperava mais...

  1. Luís says:

    Espero ansiosamente pelas respostas das frases!

  1. Como diz Jack Estripador ... vamos por partes.


    1 - Aprendemos que o terror de zumbis em realidade não só é só apenas sustos e nada mais, como foi explicitado no péssimo Madrugada dos Mortos. Os filmes de zumbi como quase todos de Romero e outros interessantes como Shaun of The Dead, carregam em si criticas construtivas sobre a sociedade em sim. O mais recente e para mim, um dos mais importantes, Diaros dos Mortos, serve como um estudo afiado do uso da informação nos dias atuais, principalmente a ferramenta de blogs e por ai vai. Esperamos que Zombieland seja divertido.

    2 - Terror de videogames ... bem como diz um sabio argentino chamado Pepe Argento, do sériado Casados con Hijos ... isso é uma pelotudez sin sentido. Silent Hill teve a sorte de ser ótimo por que respeitou o jogo fielmente, apesar da troca por muitas vezes questionavel do personagem principal.

    3- Bem, remakes. Tens que analisar com cuidado e olhar em duas épocas distintas. Em 80 e nessa decada atual. Em 80 vimos remakes de obras da decada de 50 como O Enigma do Outro Mundo, A Mosca e A Bolha Assassina. Esses filmes soam como homenagens fundamentais as obras originais e além disso, conseguiu ser classicos do terror dessa época. Principalmente as releituras de Carpenter e Cronnemberg respectivamente. Atualmente, depois do remake de Psicose e do estrago lastimavel de Ringu nos Estados Unidos, declarou uma crise inremediavel de falta de talento e de inspiração no meio americano. Depois do surgimentos de produtoras de terror dominadas por péssimos diretores como Sam Raimi e Micheal Bay, é que a coisa desandou mesmo, de mal a pior. Outro detalhe fundamental é que muitos dos diretores que dirigem remakes são diretores europeus ou orientais que mesmo com um talento invejavel em sua terra, nos estados unidos, paga mico.

    Porém não se pode esquecer que um remake de um filme oriental ganhou o oscar de melhor filme que foi The Departed (baseado no incrivel Infernal Affairs).

    É dificil, mas uma ótima reflexão.
    Até mais

  1. Anônimo says:

    Terror é o meu gênero preferido, e tenho minhas obras favoritas em cada subgênero.

    Também não concordo com os comentários sobre o gore e o slasher, mas reconheço que é uma questão bastante particular de cada fã do gênero geral. Pessoalmente, eu acho um trabalho brilhante - e belíssimo - de fotografia e maquiagem. Fico impressionada com um filme que se concentre nesses detalhes, e mesmo abrindo mão de focar na história, consegue envolver o público com o aspecto visual mais intenso.